ILIDIO FERNANDES ANTUNES
( Portugal )
Nasceu em Cubo – Pombal, Portugal em 1944. Prestou exame do curso secundário no Liceu de Leiria.
Veio para o Brasil em 1962, vindo residir em Minas Gerais. Concluiu o curso clássico no Colégio Estadual Governador Milton Campos.
Diplomado em Letras (Português – Francês) pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Belo Horizonte (1972).
Lecionou nos Colégios Monte Líbano e Brasileiro, de Belo Horizonte.
Premiado, num concurso do poesia, pela Associação de Cultura Luso-Brasileira de Juiz de Fora. De 1977 a 1980 frequentou o curso de História da Universidade Federal de Minas Gerais.
MULTIPLICANTO – POESIA BRASILEIRA HOJE – 3 COLETÂNEA
Capa: Durval Guimarães – Conselho Editorial – Reginaldo Dutra
— Guido Fidelis São Paulo: Editora Soma, 1980 116 p.
Ex. bibl. Antonio Miranda
ENCONTRO
Senhor,
Quando será o dia da alegria
E da paz no coração?
Quando direi: aleluia!?
Quando será esse dia
Em que direi pra sempre adeus à solidão?
Tornai-me fáceis os caminhos,
Senhor.
Dai-me uma estrada.
Que sejam arrancados os espinhos.
E que a dor
Não faça mais de mim sua morada.
Afastai de mim, Senhor, o cálice de fel
Porque o provei já.
Que a confusa Torre de Babel
Em mim não se repita
Porque o que há
É o anseio de amor que agora em mim crepita.
A JANELA DOS ROUXINÓIS
Está em Almeida Garrett
Que no Vale de Santarém
Havia uma velha casa
No meio dum lindo bosque
E na casa, uma janela
E a menina dos olhos verdes,
Atrás dela.
E os bandos de rouxinóis chilreavam
E cantavam
Na janela
Para... Ela
Mas ela não os ouviu
(Embora o canto fosse harmonioso)
Ai de mim! Pobre poeta!
O meu canto é rouco
E quem me escutará?
GUINÉ-BISSAU
Tanto na vida sonhei contigo,
Guiné...
(Mas penso agora em teu futuro
Que nos deve merecer Fé).
E pensos ainda no Herói
Que se foi
Sem ver a festa triunfal...
Porque Amilcar Cabra
É prós fulas, mandingas e balantas
E até prós bijagós
O grande Hino nacional
Que venerais todos vós.
“Os Homens
Não se medem
Aos palmos”,
— Diz o adágio,
Assim tu,
A mais pequena,
Foste a primeira
Que chegou.
E agora o Sol bate mais lindo nas palmeiras.
O POLVO
Qual estranho animal que habita o mar
Com fantasias e lendas milenares
No meio das algas e do sal,
Cujas ventosas sugam seres menores
E que se alguém corre atrás dele
Solta-lhe um líquido que o espanta,
E que ainda muda de cor e de aspecto
Para que passa e nada diga quem maior do que ele,
E que a si mesmo deixe mais discreto,
Mas cujo grande triunfo, cuja grande virtude,
São os tentáculos poderosos,
Que o transcendem, que vão além de si
E que nas algas verdes e no azul do mar
O peixe, seu vizinho, agarra, mata, come e ilude,
Prendendo-o tanto a si que os dois são um,
Tal sou eu, polvo de outra natureza,
A lançar tentáculos na terra americana.
*
Página publicada em novembro de 2021
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